More

    Luan Campos, um entre os muitos afetados pela precarização da Twitch

    Hoje em dia, no mundo conectado em que vivemos, uma categoria de entretenimentos que presenciamos, é a do conteúdo ao vivo, principalmente, quando falamos sobre a transmissão de jogos em tempo real.  Provavelmente, você já ouviu falar da Twitch. A “roxinha” como é carinhosamente apelidada por seus usuários é, em suma, um serviço de streaming de vídeo ao vivo que foca, principalmente, em streaming relacionado a jogos de videogame.

    Ainda sobre a Twitch, quando você pensa nela, provavelmente, o que vem à cabeça são nomes como “Casemiro”, “Gaulês”, ”Alanzoka”, entre outros. Esses streamers são referências dentro da plataforma, mas é claro que isso não reflete a realidade de todos os usuários do site. E esta, é a precarização do serviço em si.

    Para ser considerado “1%” dentro do site, é necessário ter um público entre 15 e 200 pessoas, mas o que isso quer dizer? 15 pessoas podem parecer pouco, mas dentro da Twitch, milhares de streamers não conseguem nem atingir uma pessoa, então ter uma dezena ou duas é muito significativo para a plataforma. Este é o caso de Luan.

    Natural do estado de São Paulo, Luan Campos, ou “Barba”, como é conhecido no universo das lives, é um streamer de 24 anos, e ao Gamer Mirror, falou sobre sua trajetória, que já faz pouco mais de 3 anos dentro dessa parte do mundo dos games. O jovem explica que quando a ideia de “stremmar” surgiu, ele não fazia ideia do que se tratava. “Eu nem sabia o que era, né? E aí tinha um grupinho meu de amigos, que jogava, e eu fiquei tipo, Twitch? O que é isso? E aí comecei a pesquisar”, diz o jogador.

    Apesar de ninguém ter aparecido para ver sua primeira experiência de live, Luan explica que gostou bastante e decidiu continuar. Ainda conta, que a ausência de público perdurou por dias até que alguém aparecesse para ver. “Saber que em algum momento, poderia ter 30 ou 40 pessoas me vendo jogar, era legal”, comenta.

    Colocando o notebook em cima de um banco, com um fio que atravessa o quarto, e com um PS4,e aprendendo com tutoriais dos mais diversos tipos na internet, Luan mergulhou nesse mundo.

    Após os seis primeiros meses, Luan recebeu seu primeiro salário oriundo das “streams”, e segundo o jovem, foi aí que “a coisa começou a andar”. Apesar disso, Luan diz que o maior problema que enfrentou, foi a mudança no valor do sub (assinatura de canal). passou a valer menos, porque isso dificultaria no investimento do canal.

    Outra forma de ganhar dinheiro dentro da plataforma, são com os bits (moedas virtuais da Twitch), que podem ser adquiridas pelos usuários e assinantes. Assim, torna-se possível que os usuários, que estejam assistindo uma live, doem ao seu streamer como uma forma de recompensar seu trabalho. Em média, um pacote de 100 bits custa R $5,68, e é possível pagar de 1 até 10 mil.

    ROTINA

    Luan montou sua rotina, mas até chegar no que prática hoje, levou um tempo, testando vários horários diferentes entre o dia e a noite. “Fui fazendo sempre oito horas, em diversas partes do dia, testando e testando, até chegar ao meu “timing” de hoje”, explica o gamer.

    Luan ainda pontua que é necessário “acreditar e ter perseverança”, pois a garantia de retorno é zero. “Você pode extremar diariamente, fazer 200 horas, e sair com uma mão na frente e outra atrás”, endossa. O streamer ainda reforça que a ajuda da comunidade é muito importante para crescer.

    De acordo com dados fornecidos através da ferramenta Twitch Tracker, dos quase 6 milhões de streamers mensais, apenas 45 mil são parceiros da plataforma. Desses, apenas 0,07% acabam obtendo capacidade de viver profissionalmente produzindo lives. Menos de 1% dos streamers tem mais de 50 pessoas em suas transmissões. Só 6% da Twitch tem até cinco espectadores médios. Dessa forma, não é difícil conceber que muitos acabam não “vingando” no meio, e acabam por desistir. (Dados de outubro de 2022).

    E sobre desistir, Luan afirma que todo mundo pensa nisso, porque no começo “é osso não receber nenhuma ajuda, é dificil”. Segundo ele, é necessário lutar todo dia para conquistar seu espaço.

    Apesar de todos esses empecilhos, o gamer conta que o motiva continuar é seu amor pela profissão. “Gostaria de estar ali, sabendo que tem pessoas ali todo dia, e isso faz a diferença para elas, isso é incrível”, comenta. “Saber que eu ajudo alguém de alguma forma, ajuda demais a continuar”, diz.

    Gabriel Santos
    Gabriel Santos
    22 anos - Intrépido jornalista em formação, jogador de RPG apaixonado, mestre (de narração) por natureza, e fã de jogos de estratégia. Jogo videogame desde que me entendo por gente, e jogar, por lazer ou amor, faz parte de quem eu sou. Adoro games, principalmente com contexto histórico como fundo de cenário, também amo uma boa narrativa e construção de personagem. Acredito que cada vez mas, o mercado de jogos vai tomar espaço na área de entretenimento e, eventualmente, se consolidar como a maior do ramo.

    Related articles